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Autora de ‘Comer, Rezar, Amar’ faz retrato íntimo da perda de um amor para o câncer

A autora nunca teve problemas em abrir sua vida para os leitores

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Há pessoas que passam a vida inteira em busca de um amor que as vire do avesso. A escritora Elizabeth Gilbert, mundialmente conhecida por “Comer, Rezar, Amar”, encontrou -e era sua melhor amiga.

A autora nunca teve problemas em abrir sua vida para os leitores. Em seu novo livro, “Todo o Caminho Até o Rio: Amor, Perda e Libertação”, ela mostra as cicatrizes de seu romance dilacerante com Rayya Elias, que iluminou e desestabilizou sua vida como ninguém.

Gilbert compartilha como foi se apaixonar e logo em seguida perder sua parceira para o câncer -expondo o lado mais bonito e, também, o mais doloroso da vida.

“A parte central do livro foi excruciantemente dolorosa de escrever, porque precisei voltar àquele trauma. Em muitos sentidos, era a última coisa que eu queria fazer. Mas não havia como contar a história sem ser por inteiro”, diz em entrevista.

Compartilhar a história de Rayya Elias foi um pedido dela, que queria ser conhecida, afirma Gilbert. “Ela queria se conectar com as pessoas. Sempre contou sua própria história: escreveu um livro sobre sua jornada com a dependência química, fez vários filmes independentes sobre isso, e toda música que compôs tratava do mesmo tema.”
“Para mim, foi algo muito simples: dizer a verdade. Dizer a verdade sobre a Rayya, dizer a verdade sobre mim”, afirma.

Gilbert descreve sua amada em cada detalhe, como só alguém muito apaixonado poderia. “Todo o Caminho Até o Rio” dá vontade de viver um amor, mas também, de nunca conhecer esse sentimento tão devastador.

A autora se considera viciada em amor. Enquanto se ocupava com a parceira doente, Gilbert também lidava com o fato de que ia perder o combustível do seu vício -o tipo de coisa que não é possível entrar em uma loja e substituir.

“É como se eu estivesse vazia. Eu tenho esse desespero e vou encontrar alguém para colocar esse sentimento em cima”, afirma. “Rayya não foi a primeira pessoa na minha vida em quem fui viciada. E ela não foi a última pessoa na minha vida que eu fui viciada.”
A escritora diz que é um estado emocional que considera perigoso, já que ela e todos ao seu redor acabam machucados. Ela sempre soube que tinha problemas com relacionamentos, algo que passou anos em terapia e lendo livros de autoajuda para tentar consertar.

Só se deu conta de que se tratava de um vício quando uma amiga alcoolista em recuperação intercedeu. “Ela se sentou comigo um dia e disse: ‘eu vejo você fazer isso há 30 anos. Existe um programa de 12 passos para pessoas como você, que usam outras pessoas da mesma forma que um alcoolista usa o álcool'”, afirma.

O vício, o amor e o luto se entrelaçam na narrativa. Se o amor era viciante para Gilbert, a mulher amada enfrentava um vício em drogas, reacendido com o diagnóstico de câncer no pâncreas e no fígado.

“Quando Rayya voltou a usar cocaína, eu só tentava sobreviver. As drogas a transformaram em alguém que eu nunca havia conhecido antes”, afirma.

A relação da escritora com a morte foi moldada “por todo o caminho até o rio” percorrido com Rayya -o nome do livro representa a metáfora que as duas usavam para descrever a jornada do adoecimento.

A compositora Rayya Elias morreu aos 57 anos do câncer. Gilbert trata a morte de forma intimista e espiritual, sem romantizá-la. Diz que há beleza e amor nesse caminhar final, apesar de ser duro.

O livro, ela diz, foi uma forma de dar sentido à tragédia, como um “relatório de forense” que apresenta os fatos para um juiz. O ato de escrever, diz, foi uma parte do seu processo de luto para encontrar clareza e fechamento.

TODO O CAMINHO ATÉ O RIO: AMOR, PERDA E LIBERTAÇÃO
– Quando Lançamento em 4/11
– Preço R$ 29,90 (ebook, já disponível); R$ 89,90 (368 págs.)
– Autoria Elizabeth Gilbert
– Editora Objetiva
– Tradução Regiane Winarski e Ana Guadalupe

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