Brasil - Brasília - Distrito Federal - 29 de outubro de 2025
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Projeto quer levar mata atlântica para o centro da cidade de São Paulo

A ação conta com apoio de alguns comerciantes da região

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No meio da maior cidade da América Latina, entre o ritmo acelerado da metrópole e o barulho constante dos carros, um pedaço da mata atlântica vem crescendo. A ação faz parte de um plano criado por um ex-designer têxtil que tem como objetivo transformar pequenos canteiros e outros espaços urbanos de São Paulo em áreas com plantas nativas.

Hoje, o projeto Pazipê já está presente em alguns locais do centro da capital paulista, como em canteiros na avenida São Luís e na esquina da avenida Ipiranga com a rua Basílio Gomes, a menos de 100 metros da saída da estação República do Metrô.

Nesses lugares foram plantadas diversas espécies, como iresines, clúsias e ora-pro-nóbis, além de uma muda de ipê-amarelo doada.

A ação conta com apoio de alguns comerciantes da região, da prefeitura, da Secretaria do Meio Ambiente e de alguns moradores. Apesar disso, os recursos ainda não cobrem todos os custos de manutenção e implantação dos jardins.

Os espaços chamam a atenção de quem passa na rua, diz Eduardo Paziam, 55, idealizador do projeto. Para ele, as plantas causam uma mudança no entorno, trazendo mais verde e limpeza a uma região da cidade marcada por desafios. “Ainda tem muita coisa a ser feita no centro. Mas você vem andando ali, aí quando você chega no jardim, você sente já uma coisa diferente. Tudo muda.”
Atualmente, Paziam se sustenta com seus investimentos e propriedades, dedicando grande parte do seu tempo ao projeto.

A mata atlântica é a floresta com maior biodiversidade do Brasil. Originalmente, cobria cerca de 15% do território nacional, mas hoje restam apenas 24% de sua vegetação, sendo 12,4% considerada bem preservada, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica.

Natural de Araçatuba, Paziam cresceu ao lado de dois irmãos e diz que sua relação com a natureza começou ainda na infância. Aos 10 anos, virou escoteiro. “O escotismo me deu valores que carrego até hoje. Lá me chamavam de ‘Risada’. Até hoje alguns amigos me chamam assim”, diz.

Aos 18 anos, ele deixou o Brasil para estudar no exterior, onde se especializou em arte contemporânea. Em 1996, lançou sua primeira coleção. Formado em comércio exterior e artes plásticas, construiu uma carreira internacional no design têxtil, trabalhando por quase 30 anos em 25 fábricas de nove países da Europa e da Ásia.

A ideia de mudar de vida e deixar para trás a carreira profissional aconteceu em 2020, durante a pandemia de Covid-19. Ele estava na China quando a crise sanitária começou, mas decidiu retornar ao Brasil, para viver em Araçatuba. Na cidade do interior de São Paulo, se reconectou com seu passado. “Eu comecei a entender que o que realmente me faz feliz não é ter as coisas, é ser alguma coisa.”
Ao completar 50 anos, decidiu parar de trabalhar. Vendeu o carro, passou um tempo com o pai e resolveu viajar. Morou um mês em diferentes países da Europa e depois passou um ano em Londres com o irmão e a família dele. Na capital britânica fez cursos no Jardim Botânico local, onde aprendeu mais sobre plantas e jardins de chuva.

Em 2023, o Pazipê nasceu oficialmente. Mas desde 2017, ele já cultivava ipês no centro da cidade. Um deles, que cuidava havia 15 anos na varanda de seu apartamento, foi doado ao projeto.

No início, a ideia era criar um jardim ornamental. Porém, ao plantar inúmeras sementes de um único vaso e ver todas germinarem ao mesmo tempo, pensou: “Posso colocar um monte de árvores e fazer uma floresta.”
Um parceiro importante para o projeto, segundo Eduardo, é Francisco Alejandro, jovem venezuelano e jardineiro paisagista que se voluntariou por meio de uma rede social. “Ele era apaixonado pela mata atlântica e virou mais meu professor do que meu assistente. Ele falou: ‘Vamos fazer uma floresta, mas só com espécies nativas da mata atlântica'”.

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