Brasil - Brasília - Distrito Federal - 19 de setembro de 2025
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Retorno ao presencial pode estimular rotatividade ainda maior, aponta pesquisa

O levantamento mostra que 34% dos entrevistados, tanto homens como mulheres, têm intenção de sair do emprego mesmo se os atuais arranjos de home office forem mantidos.

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O processo de retorno do trabalho remoto ao regime presencial pode intensificar a já elevada rotatividade do mercado de trabalho brasileiro, e isso vale principalmente para as mulheres.

É o que mostra pesquisa feita pela empresa de recrutamento Robert Half em parceria com o Insper, que ouviu 1.432 profissionais de diferentes setores e níveis hierárquicos em empresas de todo o Brasil entre março e abril.

O levantamento mostra que 34% dos entrevistados, tanto homens como mulheres, têm intenção de sair do emprego mesmo se os atuais arranjos de home office forem mantidos.

Os dados estão em linha com a já elevada rotatividade no mercado de trabalho. Números levantados pela consultoria LCA mostram que mais de um terço dos trabalhadores com carteira assinada mudaram de emprego nos últimos 12 meses encerrados em abril _essa taxa era de 25% há cinco anos.

É um cenário que mostra a insatisfação com a volta gradual ao presencial, aponta Mariana Horno, diretora da Robert Half.

“Os funcionários se acostumaram a ter flexibilidade no emprego, valorizando a sensação de bem-estar e saúde mental”, afirma. “As pessoas acabam não entendendo a volta ao presencial, principalmente quando avaliam que não há perda de produtividade.”
Esse panorama vale especialmente para as mulheres, segundo o levantamento. Enquanto 66% dos homens afirmaram que iriam querer sair do emprego se perderem parcialmente o trabalho remoto, o percentual é de 77% no caso delas.

Quando a pergunta é sobre qual seria a reação à perda total do trabalho remoto, 66% dos homens afirmam que teriam intenção de sair do emprego, contra 81% das mulheres.

“As mulheres sofrem mais com a falta de flexibilidade. Ainda existe uma sobrecarga feminina para questões domésticas, como a rotina com os filhos, além de questões de bem estar e autocuidado”, diz Horno.

A pesquisa perguntou ainda as principais perdas enxergadas pelos trabalhadores em caso de volta total ao trabalho presencial. A maior parte apontou o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com 83% das mulheres e 76% dos homens.

“Quando há um engessamento do modelo, ou seja, quando a empresa determina que o presencial aconteça em dias determinados, a insatisfação é maior. A reação não é somente em relação à quantidade de dias, mas também à liberdade de escolha”, afirmou a diretora da Robert Half.

Em seguida, aparece a redução do estresse, com 81% das mulheres e 72% dos homens indicando essa como uma perda importante no caso da volta total ao presencial.

“Em um contexto no qual funções domésticas e de cuidado seguem recaindo principalmente sobre as mulheres, a flexibilidade tem sido fundamental para que elas consigam equilibrar as múltiplas demandas da vida pessoal e do trabalho”, afirma Tatiana Iwai, professora e coordenadora do Centro de Estudos em Negócios do Insper.

Horno aponta que de um ano e meio para cá cresceu a pressão para redução do home office entre as empresas. “Ainda há muitas empresas com três dias no escritório e dois em casa, mas a maior parte das conversas vai no sentido de elevar esse número para quatro dias presencialmente”, diz.

A diretora afirma que a disposição para reduzir o home office varia bastante de empresa para empresa. “Quando há medições mais precisas, que eventualmente mostrem que a produtividade não atende ao desejado, a tendência é que haja uma rigidez maior”, avalia.

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